PTS
Partido de los Trabajadores Socialistas
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CARTA ABERTA
ÀS ASSEMBLÉIAS, ORGANIZAÇÕES PIQUETEIRAS, TRABALHADORES DE EMPRESAS OCUPADAS E À ESQUERDA
Por: Prensa PTS

25 Sep 2002 |


O PTS faz um chamado unitário ˜às organiza˜ções piqueteiras, assembléias populares, fábricas ocupadas, sindicatos combativos, centros e federa˜ções de estudantes em luta e ˜à esquerda para que se organize uma grande campanha nacional e um comando unificado para fazer uma convocatória a todo o povo para realizar um BOICOTE ATIVO (seja mediante a absten˜ç˜ão, o voto nulo ou em branco, ou qualquer outra iniciativa) ˜às elei˜ções presidenciais convocadas pelo governo.
Duhalde, encurralado pela crise social e econ˜ômica e o massivo repúdio ao massacre de Avellaneda, decidiu antecipar as elei˜ções presidenciais para mar˜ço de 2003, originalmente previstas para setembro de 2003. Agora, sem ter sequer um consenso entre o establishment e o FMI que exige negociar com um "governo forte", abre a possibilidade da antecipa˜ç˜ão, decis˜ão que estaria nas m˜ãos da "Justi˜ça" ou do Congresso. Todas as institui˜ções que t˜êm sido e s˜ão repudiadas pela maioria do povo que se auto-organizou para acabar soberanamente com De la Rua, s˜ão as que decidem quando, como e o que se elegerá nestas elei˜ções. Ser˜ão apenas elei˜ções para presidente e vice, ou seja, elei˜ções para que fiquem todos, nas quais nem sequer está aberta a possibilidade de que os trabalhadores e a esquerda constituam deputados que possam utilizar seus mandatos a servi˜ço das lutas operárias e populares. A convocatória destas elei˜ções n˜ão passa de uma fraude infame contra o grito popular nascido há nove meses: "que se vayan todos!"
Temos em nossas m˜ãos a possibilidade de organizar uma grande campanha massiva para derrotar esta armadilha que pretende garantir e perpetuar o regime do Pacto de Olivos e sua casta de políticos milionários, enquanto mais da metade do povo é jogado na miséria e milhões de trabalhadores est˜ão sem emprego. Elei˜ções que est˜ão convocadas por um governo repudiado para tentar legitimar com os votos um novo presidente que tenha mais for˜ça para aplicar os tarifa˜ços e pagar a dívida, com a manuten˜ç˜ão do atual Congresso das propinas e do descaso contra o povo e a corrupta Corte Suprema. S˜ão exig˜ências do FMI, dos banqueiros, das empresas privatizadas e dos grandes capitalistas que saquearam o país. O que está em quest˜ão é quem tentará acabar com as assembléias populares, com o movimento de fábricas ocupadas por seus trabalhadores, com os piqueteiros que exigem trabalho genuíno, com esta vanguarda de luta e auto-organiza˜ç˜ão, antes que esta consiga dar uma saída própria dos trabalhadores e do povo aos milhões que padecem de fome, desemprego e miséria. Temos que enfrentar ativamente esta armadilha.
A fraude política já come˜çou a funcionar. Através do processo eleitoral iniciado já se come˜çou "limpar" as figuras que desde dezembro n˜ão podiam caminhar pelas ruas, desde Moyano até Rico, sob a égide do demagogo Rodriguez Saá. Das a˜ções de repúdio e agress˜ão aos políticos e dos repúdios populares passamos a ver nos meios de comunica˜ç˜ão todos os políticos do regime que faliram a na˜ç˜ão, patrocinados como candidatos dos grandes capitalistas.
O "Espa˜ço Cidad˜ão" de Elisa Carrió, De Genaro, Zamora e da CCC se demonstrou completamente impotente para conseguir sequer seus limitados objetivos de "revalida˜ç˜ão de todos os mandatos", apenas a troca dos cargos parlamentares. "Vamos suspender a campanha eleitoral", assegurou Carrió na funda˜ç˜ão de um "Espa˜ço" que abortou logo depois de duas marchas. Foi um recurso a mais de sua campanha para participar de uma elei˜ç˜ão ao gosto de Duhalde e Menem, arquivando sua amea˜ça de uma "absten˜ç˜ão ativa ou revolucionária". N˜ão foi mais que a continua˜ç˜ão da campanha eleitoral por outros meios. Há setores, como a CTA, que impulsionam plebiscitos ou consultas populares para colocar ˜à considera˜ç˜ão do povo "a caducidade de todos os mandatos" e, inclusive, para convocar uma "conven˜ç˜ão constituinte". Esta política acabaria sendo t˜ão impotente quanto a do ef˜êmero "Espa˜ço Cidad˜ão", já que exige ao atual Congresso que seja o convocante e n˜ão se propõe como objetivo acabar com o conjunto do regime, sua Justi˜ça, seu Congresso e sua monárquica figura presidencial.
Lamentavelmente, também setores da esquerda anunciam que participar˜ão deste processo de legitima˜ç˜ão do velho e odiado regime. Patrício Echegaray, do Partido Comunista, "descartou as posturas abstencionistas que mostraram outros setores da esquerda" com o fundamento de que "hoje a esquerda pode crescer de maneira importante, convertendo-se num fator de press˜ão e controle e, a partir daí, gerar condi˜ções para uma batalha concreta pelo governo e o poder" (Página 12, 24/09). Enquanto, segundo várias pesquisas, mais de 50% da popula˜ç˜ão está contra votar ou n˜ão votaria em ninguém, certos setores parecem passar da exig˜ência de "por um novo 19 e 20 de dezembro" para o "vote na esquerda", mudando o "Fora Duhalde" para aceitar passivamente que ele seja o convocante e o dirigente das elei˜ções. A política da Izquierda Unida (IU) está na contram˜ão dos objetivos pelos quais lutam as assembléias populares e, inclusive, está ˜à direita de um importante setor de intelectuais ou figuras dos direitos humanos que v˜êm da centro-esquerda. Chamamos, fraternalmente, os componentes da IU - o PC e o MST - a deixar este febril eleitoralismo e n˜ão abandonar a luta que se iniciou com sangue em dezembro: que se vayan todos.
O PTS apresentou candidatos operários nas elei˜ções presidenciais de 1995 e 1999, utilizando a tribuna eleitoral para agitar massivamente a idéia de que os trabalhadores s˜ão os únicos que podem salvar a na˜ç˜ão, através da auto-organiza˜ç˜ão, da independ˜ência política e da luta extraparlamentar. Os revolucionários podem aproveitar uma campanha eleitoral para difundir nossas idéias e até como um fator de organiza˜ç˜ão. O PTS, hoje, conta com a possibilidade legal de apresentar candidatos, porém, tal qual milhares de assembleistas e lutadores, sustenta que depois do 19 e 20 de dezembro se abriu uma nova situa˜ç˜ão na Argentina, e que com estas elei˜ções presidenciais - completamente limitadas e controladas - pretendem adormecer e desviar essa situa˜ç˜ão. Ao aceitar essas condi˜ções impostas (por um governo que está por um fio) n˜ão se estará fazendo outra coisa que servir como úteis, salva-vidas do regime para que nada mude.
Consideramos que o que devemos defender, hoje, junto aos assembleistas, piqueteiros, trabalhadores combativos e ˜à esquerda é uma grande campanha unitária em todas as fábricas, estabelecimentos, escolas, bairros operários e populares pelo boicote a estas elei˜ções para acabar de deslegitimar este regime. Fazemos esse chamado como parte da prepara˜ç˜ão de uma greve geral ativa que supere em organiza˜ç˜ão ˜às jornadas de 19 e 20 de dezembro, para acabar com o governo de Duhalde e impor uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, na qual o povo mobilizado possa discutir democraticamente a resolu˜ç˜ão de suas penúrias. Ainda que n˜ão consigamos ganhar essa batalha e Duhalde possa continuar até as elei˜ções, com um grande movimento pelo boicote ativo, teremos conseguido que delas resulte um governo t˜ão ilegítimo e sem representatividade, que esteja o mais debilitado possível para aplicar medidas contra um povo trabalhador que estará em melhores condi˜ções para enfrentá-lo e derrotá-lo.
As jornadas de dezembro deram luz a novos atores sociais que, em sua dinâmica, podem se converter numa alternativa revolucionária para os milhões de trabalhadores que ainda continuam cativos do peronismo e da burocracia sindical. As assembléias populares e os movimentos piqueteiros combativos se combinam com a emerg˜ência de uma fra˜ç˜ão da classe operária que ocupa fábricas que fecham, passam a geri-las ou a colocam em produ˜ç˜ão sob controle operário, atacando o centro da propriedade capitalista, demonstrando o parasitismo dos patrões e uma saída para o desemprego de massa. A convocatória de um grande congresso nacional de delegados das organiza˜ções piqueteiras, assembléias populares, fábricas ocupadas, sindicatos e centros estudantis combativos poderia potencializar e impulsionar esta política dirigida ˜às grandes concentra˜ções operárias e populares, a quem seria apresentada como únicas "alternativas" contra a demagogia e engano de Rodriguez Saá e o palavrório ao estilo de Cacho Alvarez da deputada Elisa Carrió.
Chamamos os companheiros das assembléias e Interbarriais, da Coordinadora Aníbal Verón, do Bloque Piquetero, do MIJD e de Barrios de Pie, os trabalhadores da Brukman, Zanon e todas as fábricas ocupadas, a FUBA, o Partido Obrero, o MAS e todos os que estejam dispostos a impulsionar a política do boicote ativo a estas elei˜ções para que se proponha a Zamora, ˜à CTA, ˜à CCC e ˜à Izquierda Unida que se somem ativamente a esta campanha. Rompamos a fraude eleitoral. Fora Duhalde. Boicote ativo ˜às elei˜ções fraudulentas. Preparemos um congresso nacional unitário convocado por todos os setores em luta, organiza˜ções piqueteiras, assembléias populares, fábricas ocupadas, sindicatos e centros estudantis combativos.

Buenos Aires, 25 de setembro de 2002

PTS - Partido de Trabajadores por el Socialismo










 

 

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